quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Farol

"As cruzes não ficam eternamente ao alto"

Aguardo o chamamento dos pavões em surdina para me verter nos beirais
Então os olhos enxergarão mais fundo o desenho em que nenhuma recta é mais possível.

Nem um sinal da tempestade solar.

No bosque o tempo faz o seu trabalho
Os charcos pantanosos instáveis
Ao longe, 
na vereda íngreme, 
alcateias submergem dos seixos.

Esta terra não dá sonhos...

A violência dos elementos numa concavidade rochosa
Toda a matéria inerte punção.

A criança órfã olha atónita o médico astronauta
O gato cofia hipérboles financeiras
Os abutres multiplicam-se na combustão do medo
E o poeta é o farol que nos guarda com os olhos dos cegos.



Pedro M Loureiro 2014

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