sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Outro Tempo


























No tempo em que contávamos histórias antigas
A imobilidade era abundante.
As vozes em compartimentos
buracos
num clamor elástico
Carvão em brasa na boca
Numa consistência consagrada
que palpita
pende.

Pedro M Loureiro 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Farol

"As cruzes não ficam eternamente ao alto"

Aguardo o chamamento dos pavões em surdina para me verter nos beirais
Então os olhos enxergarão mais fundo o desenho em que nenhuma recta é mais possível.

Nem um sinal da tempestade solar.

No bosque o tempo faz o seu trabalho
Os charcos pantanosos instáveis
Ao longe, 
na vereda íngreme, 
alcateias submergem dos seixos.

Esta terra não dá sonhos...

A violência dos elementos numa concavidade rochosa
Toda a matéria inerte punção.

A criança órfã olha atónita o médico astronauta
O gato cofia hipérboles financeiras
Os abutres multiplicam-se na combustão do medo
E o poeta é o farol que nos guarda com os olhos dos cegos.



Pedro M Loureiro 2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Gerador/Generator



Todas as noites saio a pisar estrelas,
numa rota concreta,
                              a da tua luz,
                                                que me cega na sua amplitude.

Juraria que a tua luz uma linha que me une as costas,
O corpo recusa-se à inversão,
Para trás fica apenas o rasto do teu halo
na extensão de um cilindro,
                                           cone no infinito,
e a todo o momento aguardo,
a cruzar o eu,
o teu salto de leoa.

Voltarei amanhã!

A seis mãos

Every night I go out to step on stars,
on a specific route,
to thy light,
that blinds me in its breadth.

I'd swear your light a line joining my back,
The body refuses to reverse,
Behind stays just the trace of your halo
in the extent of a cylinder,
                                      cone at infinity,
and at any moment I wait,
crossing the I,
your lioness jump.

I´ll come back tomorrow!

Pedro M Loureiro 2014